Liderança da direção na implantação da ISO 9001

9 de abril de 2021por Eduardo Ercoli2

O que é a ISO 9001 e qual o papel da liderança no SGQ

A ISO 9001 é a norma que prevê requisitos para a implementação de um Sistema de Gestão de Qualidade. Ou seja, estabelece padrões no processo de oferta de um produto ou serviço para que este chegue ao cliente final com a qualidade que lhe é oferecida.

Em outros momentos, já tive a oportunidade de destrinchar o processo de adequação a essa norma ISO, mas agora é o momento de abordar um de seus pontos essenciais: o papel da liderança.

Liderar é mais do que ocupar um cargo da gestão. E uma das mudanças da edição da norma ISO 9001:2015 foi justamente trazer para a Alta Gestão o papel de conduzir os processos de gestão da qualidade. 

Antes, a norma previa que a direção poderia eleger um representante, o popular RD, para fiscalizar e direcionar os processos. Contudo, a mais recente atualização trouxe já para a diretoria esse dever. Veja, por exemplo, o que se prevê na norma:

Líderes em todos os níveis estabelecem uma unidade de propósito e direcionamento e criam condições para que as pessoas estejam engajadas para alcançar os objetivos da qualidade da organização.

Portanto, ela confirma a tese de que uma boa cultura de gestão da qualidade, pautada pelo foco no cliente, não depende apenas de um setor específico, mas de toda a empresa.

papel da liderança na norma ISO 9001

1. Requisitos da ISO 9001: o dever de liderança e comprometimento da direção

Como visto, a gestão de qualidade dentro das empresas deve ser vista como parte do todo. Não pode ser isolada a uma área, mas uma união dentro dos propósitos da empresa. E para começar a falar de liderança, então, a ISO 9001 prevê o dever da Alta Direção:

A Alta Direção deve demonstrar liderança e comprometimento com relação ao sistema de gestão da qualidade.

Na prática, entretanto, o que significa demonstrar liderança e comprometimento?

É claro que a personalidade e competência de um líder impacta na forma como ele será visto dentro e fora da empresa. E muitas vezes, também influencia o que o mercado verá da própria empresa. No entanto, em se tratando do SGQ, demonstrar liderança vai além da subjetividade. Significa, desse modo, realizar algumas ações objetivas.

Abaixo, então, analiso alguns pontos e práticas que você pode observar dentro do processo de implantação da ISO 9001.

2. Foco no cliente

O primeiro dever relacionado à liderança e ao comprometimento da Alta Direção é o de manter o foco no cliente.

A Alta direção deve demonstrar liderança e comprometimento com relação ao foco no cliente.

O cliente é o principal elemento dentro do processo de gestão da qualidade. Afinal, a continuidade do negócio depende dele: a pessoa que consumirá os produtos ou serviços oferecidos, alimentando o ciclo de produção e oferta. 

A gestão da qualidade, conforme desenhado na ISO 9001, portanto, precisa colocar o cliente no centro. E garantir, dessa maneira, que o resultado final atenda às suas expectativas dentro do que lhe é prometido. 

Manter o foco no cliente, contudo, significa também atender aos requisitos legais pertinentes, além de avaliar os riscos e oportunidades do negócio.

E cabe à Alta Direção, então, que esse seja o foco de todos dentro do SGQ.

3. Política de qualidade, objetivos da qualidade e comunicação

Se a responsabilidade sobre a gestão da qualidade prevista da ISO 9001 começa na Alta Direção, esta precisa assumir a responsabilidade sobre como os demais também adotaram as boas práticas. Para isso, então, é essencial definir os objetivos da qualidade e criar uma política de qualidade que todos possam seguir.

A Alta direção deve estabelecer, implementar e manter uma política da qualidade.

A política de qualidade deve:

  1. estar disponível e ser mantida como informação documentada
  2. ser comunicada, entendida e aplicada na organização
  3. estar disponível para partes interessadas pertinentes, como apropriado.

No entanto, mais do que criar essa política, é necessário que a Alta Direção também acompanhe a sua eficiência e se todos os envolvidos a seguem. Afinal, um Sistema de Gestão de Qualidade eficiente depende do real comprometimento de todos dentro do processo. 

A comunicação da política de qualidade pode ser feita através de guias, explanações, estímulos recorrentes e treinamentos.

E se, por razões diversas, a política não supre as necessidades da oferta da qualidade, é preciso revê-la, para garantir os riscos do negócio.

Ademais, a Alta Direção é responsável pelo alinhamento dos diferentes processos e requisitos do SGQ. Ou seja, deve acompanhá-los para que conversem entre si e não sejam elementos isolados dentro de um todo.

4. Atribuição de papéis e responsabilidades

O Sistema de Gestão de Qualidade, então, não é construído apenas pela Alta Direção. É preciso comprometimento de todos, independentemente de suas funções. Entretanto, para que ele seja eficiente, a Alta Direção deve também delegar funções e prezar para que as pessoas que as exerçam participem ativamente do processo.

Segundo a ISO 9001, portanto:

A Alta direção deve assegurar que as responsabilidades e autoridades para papéis pertinentes sejam atribuídas, comunicadas e entendidas na organização.

Quando se fala de papéis e responsabilidades, fala-se sobre as funções e suas respectivas atribuições. Mas o que a ISO 9001 pretende trazer com autoridade?

A autoridade para papéis envolve a autonomia, sobretudo, para a tomada de decisão. Isto significa que, quanto maior a autonomia, maior também a responsabilidade para que as decisões dialoguem com a política de qualidade e os objetivos gerais da empresa.

5. Dever de prestar contas

Prestar contas também faz parte dos deveres de liderança e comprometimento. Dentro do SGQ e da norma ISO 9001, não se exclui o dever de que aqueles abaixo da Alta Direção também prestem contas. Contudo, é dela a principal responsabilidade sobre os riscos do negócio. E por fim, sobre como eles afetam os clientes.

Prestar contas, portanto, é entender as métricas da empresa. É saber avaliá-las, mas também relacioná-las. E entender, desse modo, os caminhos dentro do mercado e cada etapa do processo. 

6. Mentalidade de risco

O foco do SGQ, conforme expresso na ISO 9001, é o cliente. E para que se ofereça a ele a qualidade pretendida, é necessário que a Alta Direção tenha sempre em mente, e desperte nos demais envolvidos, a visão sobre os riscos do negócio.

Manter a mentalidade de risco é entender que, se algo não sai como o esperado, o cliente será o principal prejudicado. E por isso, é essencial criar mecanismos de prevenção e de mitigação dos riscos.

7. Promover melhorias

Quando falei da política de qualidade, ressaltei que a Alta Direção pode modificá-la para que o resultado final seja melhor ou para que a adoção dentro da empresa também melhore. No entanto, todo o SGQ pode passar por melhorias. Afinal, o contexto muda, novas ferramentas surgem e sempre há novos processos.

Pela norma ISO 9001, portanto, é dever de liderança e comprometimento:

Relatar o desempenho do sistema de gestão da qualidade e as oportunidades para melhoria […], em particular para a Alta Direção.

Há, todavia, uma ressalva. Cabe à Alta Direção também:

Assegurar que a integridade do sistema de gestão da qualidade seja mantida quando forem planejadas e implementadas mudanças no sistema de gestão da qualidade.

Portanto, precisa-se analisar até mesmo as melhorias, tendo em mente os riscos dessas mudanças, para garantir que o SGQ se mantenha íntegro.

8. Resultados pretendidos

Por fim, liderar é assumir a responsabilidade pelos resultados. E para isso, a Alta Direção deve “assegurar que os processos entreguem suas saídas pretendidas”.

Entregar ao cliente o resultado final esperado passa por analisar cada etapa do processo. Portanto, é preciso ver a empresa e o SGQ como uma cadeia de elementos. Quando todos atendem à expectativa, alcança-se o resultado pretendido.

Para isso, enfim, cabe também à Alta Direção “assegurar que o sistema de gestão da qualidade esteja conforme com os requisitos” da norma ISO 9001, para além do que concerne apenas ao papel da liderança.

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Eduardo Ercoli

Diretor Geral e sócio da Ercoli Consultoria, Engenheiro Civil (UFPR), Pós-Graduado em Planejamento e Gerenciamento Estratégico (PUC/PR), Lead-Auditor ISO-9001, ISO-14001, SA-8000, Consultor e Instrutor Credenciado do SEBRAE/SC em Gestão de Processos, Consultor Sênior com 23 anos de experiência em consultoria empresarial, Parceiro comercial do organismo de certificação Italiano RINA, Atuou como auditor de organismo de certificação Suíço SGS por 10 anos. Atuação como consultor em empresas de prestação de serviços e indústrias de diversos ramos de atividades.

2 comentários

  • ANA PAULA DURAN

    15 de abril de 2021 a 10:57

    BOM DIA, TENHO UM LABORATORIO DE ANALISES CLINICAS E GOSTARIA DE IMPLANTAR O ISO 9001

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    • Eduardo Ercoli

      2 de maio de 2021 a 09:50

      Olá Ana Paula, já respondemos inbox. Obrigado!

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