ISO 45001: tudo que você precisa saber sobre a certificação

23 de abril de 2021por Eduardo Ercoli0

Tudo sobre o Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional

As relações de trabalho, cada vez mais, ganham relevância nas estratégias empresariais. E portanto, merecem especial atenção das lideranças, sobretudo porque impactam a forma como a empresa é vista por consumidores, stakeholders e investidores. Ou seja, pelo mercado de modo geral. A ISO 45001, então, auxilia os gestores ao dispor sobre critérios para implementação de um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional (SSO). 

Se você ainda não conhece muito sobre as normas ISO, aqui está uma visão geral desse importante conjunto de certificações para empresas que buscam exercer suas atividades com qualidade de gestão. A ISO é uma confederação formada por stakeholders de mais de 150 países. Os comitês técnicos são formados por especialistas, associações de consumidores, ONGS e governos. E o objetivo, então, é criar um padrão de gestão internacional.

Em outros artigos, já comentei sobre a certificação para a ISO 27001, por exemplo, a ISO 9001, a ISO 19600, e agora você pode saber um pouco mais sobre a ISO 45001 e o que está por trás do Sistema de Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional.

ISO 45001 sistema de gestão de segurança e saúde ocupacional

O que significa ISO 45001?

Primeiro, é essencial entender sobre o que se trata a ISO 45001. A certificação ISO 45001 é a norma que define os padrões para o Sistema de Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional (ou no Trabalho) – SGSSO. 

Na prática, isto significa investir na segurança e qualidade para quem trabalha junto à empresa. Ou seja, prevê práticas de proteção ao trabalho. E tem, desse modo, que dialogar com a legislação vigente.

A norma ISO 45001 foi desenvolvida por uma comissão de especialistas de 69 países, além de se basear em informação da OIT (Organização Internacional do Trabalho), da CSI (Confederação Sindical Internacional) e do IOSH (Instituto de Segurança e Saúde Ocupacional). E surge, assim, como uma resposta ao grande número de acidentes de trabalho ocorridos em âmbito mundial. Somente no Brasil, por exemplo, foram 154,8 mil afastamentos acidentários em 2018, de acordo com o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho.

Entretanto, a norma também também considera outros elementos e tendências em suas disposições, como a relação do trabalho com as mudanças econômicas e tecnológicas, sobretudo diante da gig-economy e do avanço da inteligência artificial.

Conforme David Smith, presidente do comitê que desenvolveu a ISO 45001:

Espera-se que a ISO 45001 leve a uma grande transformação nas práticas no local de trabalho e reduza o trágico número de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho em todo o mundo […] Os responsáveis pela elaboração das normas se uniram para fornecer uma estrutura para um ambiente de trabalho mais seguro para todos, seja qual for o setor em que você trabalha. 

Qual a diferença entre a OHSAS 18001 e a ISO 45001?

A preocupação com a saúde ocupacional, contudo, não é uma novidade da ISO 45001. A norma ISO, na verdade, como já tivemos a oportunidade de explicar, é semelhante à OHSAS 18001 e também a substitui a partir de sua publicação em 2018.  

Onze anos separam as duas normas, bem como grandes mudanças contextuais. É inegável, portanto, a necessidade de atualização, de igual forma, do Sistema de Gestão de Saúde de Segurança Ocupacional. Por essa razão, apesar das similaridades, a ISO 45001 propõe uma nova estrutura de gestão e certificação.

Cabe lembrar, ainda, que o prazo para adequação à norma ISO, pelas empresas certificadas pela OHSAS 18001 era de 3 anos.

Qual a estrutura da ISO 45001?

Além de apresentar uma estrutura diferente da OHSAS 18001, a norma ISO 45001 dialoga com as demais normas ISO, como a ISO 9001 e a ISO 14001. Dessa maneira, pode ser implementada em alinhamento a esses sistemas de gestão.

Os principais requisitos trazidos por ela são:

Abaixo, falamos um pouco mais de cada um desses pontos.

1. Contexto da organização

Assim como nos demais sistemas de gestão, a gestão da Saúde e Segurança Ocupacional não pode ser vislumbrada de forma isolada de todos os processos da empresa. A empresa é um único organismo e impacta a sociedade de diferentes formas. Igualmente, cada empresa possui seu próprio contexto. E desse modo, é preciso entender a situação particular de cada uma delas.

Quais os perigos associados às atividades de determinada empresa, por exemplo? Talvez não sejam os mesmos requisitos a serem analisados em outras.

Isto inclui analisar:

  • ambiente de negócios;
  • cultura organizacional;
  • estratégias;
  • fatores internos e externos de modo geral.

2. Segurança em todo o processo

Como vimos no outro tópico, a empresa precisa ser vislumbrada em sua completude e não apenas nas relações de trabalho diretamente. E como um corpo único, também a Saúde e Segurança Ocupacional deve ser observada em todos os processos da cadeia de fornecimento dos serviços ou produtos conforme a ISO 45001.

É importante, portanto, uma atenção especial aos serviços terceirizados e às cláusulas contratuais nas relações estabelecidas pela empresa. Afinal, cada vez mais a empresa é observada, também por consumidores e stakeholders, para além das suas relações diretas.

Por mais que uma empresa nem sempre tenha controle sobre a Segurança e Saúde Ocupacional em processos externos a ela, os gestores precisam avaliar os riscos oferecidos por e para aqueles envolvidos na cadeia de fornecimento, inclusive para evitar relações que ponham em risco a sua atividade ou, ao menos, tomar medidas que mitiguem esses riscos. 

3. Participação da liderança

Algo que as normas ISO cada vez mais priorizam é a participação da liderança nos sistemas de gestão. Não é diferente, então, com a ISO 45001.

Falar de um compromisso da liderança com a manutenção da Segurança e Saúde Ocupacional, contudo, não é isentar o dever dos demais colaboradores. Todos devem participar ativamente dessa construção. 

Por exemplo: a empresa estabelece políticas de segurança do trabalho. Os funcionários, portanto, precisam aderir a esse compromisso e seguir o estabelecido. 

É papel da alta direção, no entanto, promover e acompanhar essa cultura. Para isso, pode tomar algumas medidas como a implementação de auditorias, que tendem, dessa maneira, a potencializar os efeitos das diretrizes institucionais.

4. Planejamento e levantamento de de riscos e oportunidades

Se você acompanha os artigos que publicamos, provavelmente já leu sobre a análise de riscos e oportunidades. Afinal, gerenciar uma empresa significa observar além do agora. Significa, assim, entender que o amanhã pode trazer surpresas e prestar atenção às possibilidades, positivas ou negativas.

A ISO 45001 traz, então, que a gestão da Segurança e Saúde Ocupacional deve considerar também os riscos e oportunidades da atividade. É preciso, desse modo, analisar toda a cadeia de fornecimento para vislumbrar o que, se não se pode evitar, que ao menos se possa mitigar. E se prevenir contra as eventualidades futuras.

5. Implementação contínua de melhorias

Por fim, a ISO 45001 também traz como requisito o processo de implementação de melhorias contínuas. No tópico anterior, mencionei a necessidade de vislumbrar oportunidades. Isto também envolve sempre observar o que pode ser melhorado no processo.

A cada dia, novas técnicas e tecnologias surgem. Os contextos mudam. E também a forma de gerenciar a Segurança e Saúde Ocupacional pode mudar para melhor.

Como implantar a ISO 45001?

A implantação da ISO 45001 envolve um processo de avaliação inicial, momento em que se avaliam os “gaps” no Sistema de Gestão de SSO (Segurança e Saúde Ocupacional), conforme alguns dos requisitos. Para empresas que já possuem outras certificações ISO, talvez os gaps sejam menores, uma vez que as normas dialogam entre si.

Depois, então, é o momento de elaborar um plano de ação coerente ao contexto empresarial. Em seguida, deve haver um treinamento e conscientização da liderança e da equipe.

Após a atualização, desenvolvimento e implementação dos recursos necessários à adequação, há uma auditoria interna, realizada por auditores qualificados, os quais avaliam a adequação à norma ISO. 

Realiza-se, então, uma análise crítica pela Alta Direção, seguindo-se ao tratamento de eventuais não conformidades.

Por fim, ocorre o processo de certificação. 

Confira também: os benefícios da implantação do Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional.

Caso sinta necessidade, uma consultoria especializada pode auxiliar você e sua empresa nesse processo, participando ativamente de avaliações e implementações de melhorias.

Quer saber mais sobre certificação ISO? Entre em contato com a Ercoli Consultoria e receba uma proposta!

 

Eduardo Ercoli

Diretor Geral e sócio da Ercoli Consultoria, Engenheiro Civil (UFPR), Pós-Graduado em Planejamento e Gerenciamento Estratégico (PUC/PR), Lead-Auditor ISO-9001, ISO-14001, SA-8000, Consultor e Instrutor Credenciado do SEBRAE/SC em Gestão de Processos, Consultor Sênior com 23 anos de experiência em consultoria empresarial, Parceiro comercial do organismo de certificação Italiano RINA, Atuou como auditor de organismo de certificação Suíço SGS por 10 anos. Atuação como consultor em empresas de prestação de serviços e indústrias de diversos ramos de atividades.

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